Os livros mediúnicos são autênticos?
- Por Editora Aliança
Somente há sentido em debater esta questão entre pessoas que conhecem o que é mediunidade. Obviamente, há muitos que não creem na possibilidade de comunicação com alguém que já passou pela morte de seu corpo físico e continua sua vida numa dimensão extrafísica. Portanto, este conteúdo não se dirige a estas pessoas, muito menos tem qualquer pretensão de convencimento.
Historicamente, as primeiras comunicações documentadas e investigadas por métodos científicos foram sons e movimentos de objetos, que o Espiritismo denomina de efeitos físicos. Utilizava-se uma correspondência convencionada entre as letras do alfabeto com quantidades de pancadas ou movimentos de objetos. Tais ocorrências se deram a partir da metade do século XIX, na Europa e América do Norte.
A eficácia do processo de comunicação foi aumentada com o uso de lápis ou penas de escrever, adaptadas a suportes que deslizavam sobre o papel. E o próximo passo foi o treinamento de pessoas (médiuns) para segurarem a caneta e permitirem seu movimento sobre as folhas.
Essa mudança aumentou a velocidade da escrita mediúnica (psicografia) e possibilitou a pintura mediúnica (psicopictografia), porém tornou o processo suscetível aos questionamentos de autoria. A confirmação passou a exigir a análise dos textos escritos, pois o conteúdo é considerado autêntico quando revela informações impossíveis de serem conhecidas previamente pelo médium ou são transmitidas em estilo incompatível com o nível de educação formal dele.
Superada a fase de consolidação desse processo, inúmeras obras de autoria dos Espíritos foram lançadas, primeiramente na França – pátria onde surgiu a Doutrina Espírita – e depois por todo o mundo.
No plano espiritual, há uma ação coordenada de seres de evolução superior para ajudar o progresso da humanidade. Como estamos vivendo tempos em que os principais desafios são de natureza ético-moral, as comunicações mediúnicas, em sua maioria, são contribuições nessa linha.
Retornando à questão inicial, a importância de garantir a autenticidade dos livros mediúnicos, ou seja, confirmar se realmente são criações intelectuais dos Espíritos que as assinam, reside na necessidade de se oferecer um nível ético aceitável de confiança ao leitor. Em outras palavras, não se pode esperar que este aceite, ou mesmo cogite de analisar, um conteúdo que se revele falso quanto à origem.
Médiuns ou falsos médiuns que assinam falsamente suas obras com nomes respeitáveis causam enorme desserviço à causa espírita quando cometem uma fraude intencional de autoria.
O problema cresce em complexidade nos tempos atuais, pois entre as manifestações mediúnicas escritas, há predominância da psicografia telepática. Nesse caso, o Espírito-autor transmite a essência de suas ideias, cabendo ao médium traduzi-las com seus próprios recursos intelectuais. Uma parte do estilo do autor pode se perder, bem como se tornam mais tênues os limites de autoria.
Os psicógrafos telepatas costumam relatar que as ideias, imagens, cenas, diálogos, narrativas, descrições surgem as suas mentes sem qualquer esse esforço e de modo imprevisto. Alguns até mesmo se surpreendem em primeira mão como o rumo que a narrativa toma, declarando que se fossem textos próprios, não teriam o desenvolvimento que tomaram.
Temos também a questão da capacidade de concentração e captação mediúnica, variável de pessoa para pessoa. Por vezes, a captação das ideias é incompleta e o médium, ao revesti-las com suas palavras, pode incluir pensamentos e ideias próprias, sem perceber com clareza que ocorreu tal interferência, que é conhecida como influência anímica ou animismo.
Para concluir, sugerimos uma série de posturas de segurança. Aos médiuns, que prossigam seus estudos e exercícios de aprimoramento, aliados ao esforço de atenção aos próprios valores éticos, cientes de que há uma justiça superior à dos homens para corrigir falhas morais.
Aos editores, que selecionem com critério as obras que se apresentam para comporem seus catálogos. O sucesso rápido em vendas pode esvair-se e comprometer a imagem da instituição quando houver uma mancha de descrédito.
Aos leitores interessados em obras de autoria espiritual, que aprofundem seu senso crítico, estudando princípios fundamentais do Espiritismo ou de doutrinas sérias que se baseiam no processo de comunicação entre encarnados e desencarnados para a propagação de suas ideias.
Eis uma célebre frase de Allan Kardec, codificador do Espiritismo, para lançar luz sobre este assunto: “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade.”





