Allan Kardec estabeleceu as bases do método científico espírita, enfrentando o desafio de comprovar a autenticidade das fontes da Doutrina Espírita em um cenário de forte oposição. Durante a era da filosofia positivista, utilizou a argumentação lógica com sucesso, como demonstrado em sua obra fundamental, O Livro dos Médiuns, publicada em 1861.
Kardec esclareceu que as falhas nas comunicações mediúnicas podem ocorrer por má fé ou falta de estudo dos médiuns, e seus ensinamentos permanecem relevantes até os dias atuais.
A importância do raciocínio crítico no espiritismo
Cabe ao leitor e pesquisador exercer um raciocínio crítico para avaliar as mensagens mediúnicas, aceitando ou rejeitando conforme necessário. Kardec reforçou essa postura ao citar o Espírito Erasto: “É melhor repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade.”
Essa visão sublinha a necessidade de confirmar fatos espirituais por meio de um esforço investigativo sincero, prevenindo os prejuízos decorrentes da aceitação de informações falsas.
O controle universal do ensino dos espíritos
Na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec apresentou o conceito de “Controle Universal do Ensino dos Espíritos”, ainda válido para pesquisadores espíritas. Esse critério estipula que novos ensinamentos espirituais devem ser validados por manifestações espontâneas de Espíritos em grupos mediúnicos independentes. Além disso, a coerência com os princípios do Espiritismo e o uso da razão e do bom senso são igualmente essenciais.
Para uma análise aprofundada, recomenda-se o artigo Breves considerações sobre o controle universal.
Dessa maneira, médiuns de má fé ou influenciados por Espíritos mal-intencionados não encontram respaldo na multiplicidade de fontes mediúnicas. Um exemplo disso é a fascinação, estado em que o médium perde a capacidade de discernir, aceitando mensagens como verdadeiras sem questionar sua origem espiritual.
Desafios modernos na busca pela verdade espiritual
Com a Internet, novas dificuldades surgem na busca pela verdade. Os algoritmos das redes sociais reforçam o fenômeno da bolha de filtro ou câmara de eco, priorizando conteúdos que confirmam as crenças e preferências dos usuários.
Assim, uma pessoa que interage frequentemente com críticas à mediunidade verá mais publicações semelhantes, restringindo sua visão e dificultando o contato com mensagens espirituais sérias que desafiem suas convicções.
Uma mensagem que critique vícios e defeitos morais, por exemplo, pode ser rejeitada simplesmente por desagradar. Por outro lado, mensagens que lisonjeiam e reforçam crenças pré-existentes, mesmo incoerentes ou falsas, podem ganhar aceitação pela “embalagem” sedutora atribuída a Espíritos conhecidos.
A necessidade do pensamento crítico e do esforço
É essencial preservar a capacidade de pensar e não aderir passivamente a ideias massificadas. Refletir, comparar, buscar múltiplas fontes e debater são atitudes fundamentais.
A conquista da verdade exige esforço. Grandes realizações em Ciência, Filosofia e Moral foram alcançadas através de trabalho árduo, dedicação e desapego.
Embora seja imprudente aceitar indiscriminadamente qualquer mensagem mediúnica como verdadeira, é igualmente necessário analisá-las de forma isenta, reconhecendo o valor autêntico de cada uma.